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         Você faz todas as vontades dos seus filhos, mesmo que não concorde na maioria das vezes e depois se arrepende? Seu marido vive dizendo que vai lhe ajudar com as crianças e com a casa, mas sempre dá um jeitinho de fugir, ou quando lhe convida para sair sempre chega cansado com uma pizza nas mãos e sugere para verem um filme e você acaba cedendo, se frustrando como mulher?

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          E na hora do sexo? Uma ruguinha surgiu em sua testa? Essa palavra ainda é um tabu para você? Como você explora a sua sexualidade? Você fala sobre sexo com seu marido ou namorado? Conversa com ele sobre suas fantasias ou preferências ou é daquelas mulheres que quando o parceiro chega ao ápice e você não, se sente constrangida de dizer que não teve um orgasmo e encena para que ele não perceba, com medo de estragar a noite? Que noite, se você abriu mão de um direito seu? Afinal, sexo só é gostoso quando ambos se entregam, sem vergonha de dizer ao outro como é mais prazeroso para si, quais são os seus desejos mais íntimos, não é mesmo? 

 

          Seus colegas no trabalho sempre a diminuem nas reuniões e você sempre releva dizendo ser espirituosa e levando na brincadeira, mas no fundo se magoa profundamente? O seu chefe tem o hábito de escolher você para trabalhar até tarde, ou lhe sobrecarrega de funções próximo ao término do expediente e você consente com medo dele interpretar a sua recusa como desinteresse pela empresa?

 

          Suas amigas é que decidem o que vão fazer quando se reúnem e o trabalho acaba sempre sobrando para você porque se coloca na condição de prestativa, ou quando as encontra só querem contar suas façanhas ou tragédias fazendo você de psicóloga, porém a sua palavra jamais é ouvida e mesmo estando triste por algum motivo disfarça, pois elas sempre dizem que você é a fortaleza do grupo?

       

         Quando sai de férias nunca consegue descansar por estar com os filhos e quando fala para o maridão da possibilidade de fazerem uma viagem a dois, ele sempre faz aquela carinha de “dó”, com pena de deixar as crianças e você acaba entrando na mesma sintonia?         

 

         Você sempre se coloca em último lugar nas suas prioridades?

 

         Nas reuniões de família é sempre você que fica encarregada de organizar tudo e no final não recebe ao menos um “obrigado” e mesmo sendo humilhada, usada, manipulada, anulada, explorada, magoada, você como sempre releva, perdoa, aceita e faz tudo sem reclamar, ou se reclama é em pensamento, não é?

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         -Sinto lhe informar querida amiga, mas você faz parte do clube das mulheres “boazinhas”, ou melhor dizendo, das mulheres que mesmo quando querem dizer não dizem sim!

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         Nos tempos atuais isso tem outro nome, já que a adjacência boazinha foi totalmente banalizada pelo sistema e se tornou pejorativo, hoje uma mulher (ou pessoa) que só diz “sim” é tachada de manipulável, fraca e porque não dizer “otária”.  Cá entre nós, precisamos realmente refletir sobre isso, pois se você tem esse padrão em sua vida é porque algo está errado, pois dizer sim a todo o momento não quer dizer que seja uma boa pessoa, levanta a questão:

        -Por que você só diz “sim”, quando em seu íntimo você quer dizer “não”?

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        Desculpe se minhas palavras estão sendo duras, mas tanto você como eu e milhares de mulheres ao redor do mundo, estamos vivenciando esse drama em nossas vidas. O fato é que desde primórdios nós viemos sendo massacradas pelo sistema, que nos colocou numa linha de fogo, o que nossas antepassadas eram já não nos serve mais, enquanto visão de mulher, o que aprendemos com nossas mães (nosso primeiro espelho) também já é ultrapassado e o momento em que nos encontramos, em pleno século XXI, onde além de todas as funções que nos compete como esposas, mães e donas de casa, agora abraçamos o outro lado da moeda, somos provedoras, trabalhamos tanto quanto os homens e quando chegamos em casa, a nossa jornada de trabalho continua.   Por esse excesso de funções ficamos a mercê do tempo, que não colabora, pois hoje não conseguimos fazer metade do que faríamos em tempos onde a tecnologia era precária e essa sobrecarga vem de encontro ao fato de que estamos desorientadas, perdidas, pois em meio a tantos papéis que desempenhamos deixamos de lado a nossa verdadeira essência, a nossa melhor parte, para sermos esposas, mães, donas de casa, empresárias, educadoras, motoristas, enfermeiras, amantes, amigas, companheiras. São tantas máscaras que quando nos olhamos no espelho já não sabemos mais quem somos, pois exercendo diariamente as funções que nos cabe estamos sujeitas a falhar constantemente, já que nos encontramos a beira de um colapso existencial.

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         -Porque dizemos sim, quando queremos, devemos e sabemos que temos de dizer “não”?

 

          Porque em algum momento das nossas vidas nos perdemos da nossa verdadeira essência e nos tornamos marionetes do sistema que nos manipulou, nos enganou, nos corrompeu e deturpou nossos valores e passamos a seguir o que ele nos impõe como certo, que em nosso caso é extremamente errado, uma vez que estamos infelizes na maioria dos papéis que exercemos.                          Você deve estar pensando:

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          -Mas eu sou feliz, não faço tudo o que as pessoas querem que eu faça, não deixo minhas prioridades em segundo plano!​

 

          Eu lhe pergunto:

         -Você está sendo sincera consigo mesma? Tem certeza que não se enquadra nos exemplos que citei acima?

 

          Eu poderia ficar horas a fio descrevendo situações nas quais você já passou ou está passando agora e você se surpreenderia como está cega diante da realidade em que se encontra, mas o importante nesse momento é que você seja honesta e faça uma reflexão da sua vida, de como você se sente em relação aos seus filhos (se tiver), ao seu marido ou namorado, a sua família, ao seu trabalho e amigos. De como você se posiciona diante das pessoas, diante de você mesma, quantos sonhos você já realizou e se não, o porquê, de quantas vezes você abriu mão de algo que lhe faria bem para satisfazer a vontade do outro. Assim você terá uma visão clara de como as outras pessoas lhe vêem e poderá questionar em que grau de submissão você se encontra.  Quando digo “submissão” refiro-me a dependência, pois a partir do momento em que está inserida nessa roda viciosa do “sim”, você passa a ser dependente dela, você cria um padrão no qual a palavra não se torna inexistente e mesmo quando a ocasião pede para que negue, você acaba concordando sem perceber. A isso chamamos de auto-corrupção. Auto-corrupção nada mais é quando você justifica para si o seu ato, é o seu Ego lhe manipulando. Mas fique calma, pois no decorrer dessa leitura você vai aprender sobre ele, como domá-lo e como se libertar dos padrões viciosos que adquiriu ao longo da sua vida. O que resta, a saber, é se você está pronta para abrir mão dessa infelicidade que a consome, de todas as frustrações que vieram a partir desse padrão que afastou você da verdadeira mulher que é, de mudar radicalmente a visão deturpada que tem do mundo em que vive e assumir a partir de agora uma postura de vida que vai não somente beneficiar a si mesma, mas a todos que estão a sua volta.

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         -Está pronta para embarcar nessa viagem para dentro de si mesma? Lembre-se de que não estará sozinha, pois eu vou conduzi-la nessa jornada, mas haverá momentos difíceis, de auto-enfrentamento, em que seu Ego se manifestará tentando fazê-la recuar. Você terá de ser corajosa, terá de buscar forças que nem imagina ter, porém quando chegar do outro lado da ponte se surpreenderá em ver o quanto é forte e sairá dessa experiência renovada, livre e seu coração resplandecerá trazendo-lhe uma paz jamais sentida antes e quando tiver de dizer não, encherá os seus pulmões e sem ônus de culpa dirá um sonoro e bem articulado: 

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         -NÃO!

         -Cansei de ser boazinha!

CANSEI DE SER BOAZINHA

Páginas: 136

Ano: 2013

Publicação: Editora Madras - Brasil

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